PyGObject, sinais e propriedades
Conteúdo
Python é uma linguagem de programação com suporte a orientação a objetos, mas C não tem essa funcionalidade. Como C é uma linguagem muito utilizada e orientação a objetos é um paradigma popular, os desenvolvedores da GLib (a biblioteca faz-tudo do projeto GNU) criaram um sistema de objetos para C chamado GObject. GObject é base de várias aplicações e bibliotecas importantes, como GTK+ e GStreamer.
Existe um binding de GObject para Python, chamado PyGObject. Você pode se questionar qual o sentido de portar um sistema de objetos de uma biblioteca em C para uma linguagem que já tenha suporte a orientação a objetos. Uma razão é que várias bibliotecas foram construídas sobre GObject, e possuir um binding de GObject para Python permite que essa grande quantidade de bibliotecas esteja acessível à linguagem. Além disso, pode-se imaginar que só alguém que trabalhe na construção desses bindings obterá alguma vantagem em conhecer PyGObject. Isso não é verdade: PyGObject provê uma série de ferramentas que podem ser bem interessantes de utilizar.
Sinais
É natural se perguntar quais vantagens podem se tirar de um sistema de objetos alienígena quando Python já oferece um suporte tão poderoso a orientação a objetos. De fato, a maior parte das vezes é mais adequado utilizar o próprio sistema de objetos de Python, mas GObject oferece várias funcionalidades que os objetos em Python não possuem. Dessas, destacaremos duas: sinais e propriedades notificadoras.
Sinais são a base de um sistema de comunicação assíncrona. Se você já trabalhou com GTK+, certamente já conhece um pouco sobre seu funcionamento. Grosso modo, sinais são gatilhos em um objeto aos quais podemos associar funções para serem executadas. Quando ativamos tal gatilho, todas as funções associadas ao gatilho são executadas uma a uma. Por exemplo, quando criamos um botão em PyGTK e conectamos uma função ao evento clicar no botão, estamos associando uma função a um sinal. GTK+ fica esperando que "coisas aconteçam" na interface gráfica. Quando algo acontece, GTK+ emite um sinal, e todas as funções associadas são executadas em seqüência.
Se você fizer classes herdando da classe GObject do módulo gobject, você pode definir seus próprios sinais, com seus parâmetros e ordem de execução. Um exemplo ajudará a compreender melhor como os sinais funcionam.
A classe Counter
Vamos fazer uma classe que "conte" de zero até um valor n, esperando um segundo entre cada número. A idéia é que cada instância dessa classe será associada a um valor, que será o alvo final da contagem. A classe terá também um método run(), que iniciará a contagem. A princípio, vamos fazer apenas uma classe de Python comum:
A classe Counter é bem simples, e parece bem funcional mas, se pensarmos bem, ela não é muito útil. O problema é que só podemos utilizá-la para imprimir o número de segundos passados na contagem, mas podemos querer fazer várias outras coisas com uma "lógica" semelhante. E se quisermos contar do valor até zero, como nas decalagens de foguetes de filmes? E se quisermos apenas informar o tempo passado quando o número de segundos passados for primo? E se, ao invés de escrever o número na tela, quisermos mostrar ele, digamos, num rótulo de uma aplicação GTK+ ou Tkinter? E se não quisermos mostrar o valor mas, por outro lado, executar uma outra operação qualquer? Nossa classe é limitada porque apenas imprime os valores, e vamos tentar remediar isso usando os sinais de GObject.
Convertendo a classe Counter para uma classe de GObject
O primeiro passo para usar sinais em uma classe é transformá-la em uma classe herdeira da classe GObject. Devemos então importar o módulo gobject:
Agora vem a parte mais complicada, que é declarar os sinais. Antes, temos de entender um pouco mais como funcionam os sinais.
Como funcionam os sinais
Toda vez que um sinal é emitido. uma série de fechamentos (closures em inglês) conectados a ele é executada. Um fechamento (nesse contexto) é o conjunto formado por uma função de callback, parâmetros opcionais passados pelo usuário do sinal e uma função de housekeeping. Bem, aqui não falaremos sobre os parâmetros opcionais nem sobre a função de housekeeping, então nossos sinais vão trabalhar apenas com as funções de callback, e usaremos tanto o termo callback, quanto fechamento para se referir a mesma coisa.
Existem dois tipos de fechamentos: fechamentos de classe e fechamento de usuário. O fechamento de classe é um método da classe que sempre é executado quando um objeto da classe emite um sinal. Ele é opcional, e o veremos mais tarde. O fechamento de usuário (assim chamado porque é o usuário da classe que deve defini-lo) é mais flexível, e pode ser associado a um objeto específico. Quando queremos associar uma função de callback a um sinal, estamos conectando a função ao sinal, e a transformando num fechamento de usuário.
Pois bem, a um sinal não podemos conectar qualquer função. O sinal exige que uma função conectada a ele tenha uma certa assinatura e retorne um determinado tipo. Nossos callbacks, nesse texto, não retornarão nenhum valor significativo, de modo que sempre retornarão None. Para nós, o que mais interessa são os argumentos do sinal.
Por fim, GObject permite que definamos o momento em que o fechamento de classe será executado. Uma vez que um sinal tenha sido emitido, ocorrem vários estágios durante os quais os fechamentos de classe podem executados. Você pode fazer com que o fechamento de classe seja executado antes ou depois dos callbacks conectados, ou ainda permitir que os usuários escolham isso. Como, por ora, não trabalharemos com fechamentos de classes, a ordem em que eles serão executados é irrelevante, mas ainda assim devemos defini-la. Optaremos então pela opção mais flexível e comum (conforme explicaremos depois): os fechamentos de classes serão executados por padrão após os fechamentos de usuários.
Agora, mãos à obra!
Declarando a assinatura de um sinal
Em PyGObject, a assinatura dos sinais é definida através de um atributo de classe chamado __gsignals__. __gsignals__ é um dicionário, no qual as chaves são o nome dos sinais e o valor associado à chave é uma tupla descrevendo a assinatura do sinal. Essa tupla possui três valores: o primeiro é uma constante para informar a ordem de execução do fechamento de classe; o segundo, o tipo a ser retornado pelo fechamento; por fim, o terceiro valor deve ser uma tupla especificando os tipos dos argumentos do sinal. Tanto o valor de retorno, quanto os tipos dos argumentos podem ser especificados tanto por uma constante que defina o tipo (da família de constantes gobject.TYPE_*), quanto por algumas classes Python, ou mesmo por uma instância de uma classe herdeira de GObject.
Queremos que nosso contador emita um sinal no lugar de imprimir um número. Esse sinal deverá ter como parâmetro o número de segundos passados (i.e., o valor que atualmente a classe imprime). Vamos chamar o sinal de 'value-counted'. Desse modo, nossa nova classe seria definida, até agora, assim:
Note como o tipo de retorno (gobject.TYPE_NONE) e o tipo do argumento único do sinal (gobject.TYPE_INT) são constantes identificadoras de tipo definidas por GObject. Também seria possível definir o sinal, passando, no lugar das constantes, classes de Python correspondentes. Se o fizéssemos, a assinatura do sinal ficaria assim:
Esse método, porém, vale apenas para algumas poucas classes nativas de Python, e para classes que herdem de gobject.GObject.
Note também como o argumento do sinal é único, logo damos uma tupla unitária para defini-lo, e não apenas o tipo. Se não houvesse argumento nenhum, teríamos de pôr uma tupla vazia no seu lugar. Jamais faça algo como:
pois, nesse caso, o valor passado não é uma tupla, mas sim a constante identificadora do tipo apenas.
Emitindo um sinal
Agora, vamos reimplementar os métodos de nossa antiga classe Counter para tirarem proveito do sinal declarado. O método Counter.__init__(), por exemplo, terá de chamar o método gobject.GObject.__init__(), afinal nosso Counter também é um GObject e precisa ser inicializado:
Mais interessante, porém, será o método Counter.run(). Ao invés de simplesmente imprimir o número de segundos passados, vamos fazer com que o método emita um sinal. Fazemos isso utilizando o método gobject.Gobject.emit().
Repare na assinatura do método gobject.GObject.emit(). O primeiro argumento é o nome do sinal (no caso, "value-counted"). Os demais argumentos serão os argumentos passados para o sinal. Como nosso sinal "value-counted" espera apenas um argumento (um número inteiro), o método gobject.GObject.emit() possuirá apenas um único argumento a mais, que será o número de segundos já passados.
Nossa declaração de classe ficará assim:
1 import time
2 import gobject
3
4 class Counter(gobject.GObject):
5
6 __gsignals__ = {
7 'value-counted' : (
8 gobject.SIGNAL_RUN_LAST,
9 gobject.TYPE_NONE,
10 (gobject.TYPE_INT,)
11 )
12 }
13
14 def __init__(self, value):
15 gobject.GObject.__init__(self)
16 self.value = value
17
18 def run(self):
19 for i in xrange(0, self.value+1): # De 0 ate o valor
20 self.emit('value-counted', i)
21 time.sleep(1) # Espera um segundo
Tratamento de sinais com callbacks de usuário
Para os sinais serem realmente úteis, temos de conectar callbacks aos sinais.
Conectando um callback a um sinal
Comecemos por uma tarefa simples: vamos imprimir o número de segundos que cada sinal emite. Para isso, salve a nossa classe num arquivo counter.py e em outro arquivo, que vamos chamar de use1.py, defina uma função print_seconds como a que se segue:
Importemos então nosso módulo counter.py, e criemos uma instância de Counter. Uma vez criada a instância, podemos, enfim, conectar callbacks (no caso, nossa função print_seconds) aos sinais que tal instância emitirá. Enfim, nosso programinha use1.py ficará assim:
1 from counter import Counter
2
3 # Note que a função espera um argumento antes de 'seconds'. Esse
4 # argumento será o objeto que emitiu o sinal. Voltaremos a ele em
5 # breve
6 def print_seconds(counter, seconds):
7 print i
8
9 c = Counter(20)
10 # Aqui declaramos que, toda vez que o sinal 'value-counted'
11 # for emitido, a funcao print_seconds deve ser invocada e
12 # receberá como argumento os argumentos do sinal.
13 c.connect('value-counted', print_seconds)
14 c.run()
Agora, vamos supor que queiramos, além de informar quantos segundos se passaram, informar também que o número de segundos passado é primo. Não sei por que iríamos querer fazer isso, mas certamente não é difícil e sequer precisamos alterar a função print_seconds():
1 from counter import Counter
2
3 def print_seconds(counter, seconds):
4 print seconds
5
6 def is_prime(n):
7 divisors = [j+1 for j in xrange(0, n) if (n) % (j+1) == 0]
8 return len(divisors) == 2
9
10 def report_prime(counter, seconds):
11 if is_prime(seconds):
12 print "(%d is a prime number)" % seconds
13
14 c = Counter(20)
15
16 c.connect('value-counted', print_seconds)
17 c.connect('value-counted', report_prime)
18 c.run()
A saída é algo mais ou menos como:
$ python primes.py 0 1 2 (2 is a prime number) 3 (3 is a prime number) [...] 18 19 (19 is a prime number) 20
A "magia" dos sinais é que podemos conectar quantas funções forem necessárias, sem ter de alterar código em nenhum outra função. Isso é especialmente bom para separar porções de código que não são relacionadas mas que incidentalmente devem ser executadas dada uma mesma condição.
Recuperando o objeto que emitiu o sinal
Você deve ter notado que as funções que conectamos ao sinal possuem dois argumentos. O argumento que chamamos de seconds, já sabemos que corresponde ao valor que foi emitido junto com o sinal. O primeiro argumento, que chamamos de counter, é o objeto que emitiu o sinal.
Suponha, por exemplo, que queiramos fazer um contador regressivo. Além de ser um exemplo muito mais legal que os anteriores, já que lembra decolagem de foguetes e viradas de ano, um contador regressivo permite que vejamos como podemos utilizar o objeto que emitiu o sinal. O desafio, nesse caso, é que, supondo que façamos um contador que contará de um valor n até zero, ele deve começar a imprimir os valores a partir de n, e não de zero. Então, ao invés de imprimirmos o valor que foi enviado junto com o sinal, imprimiremos o valor que está no campo value do objeto Counter subtraído do valor emitido. Como código vale mais que palavras, escreva em um arquivo regressive.py o código abaixo e veja como o callback tira proveito do objeto passado como argumento:
Novamente, não mexemos no código da classe Counter.
Desconectando um callback de um sinal
Assim como podemos conectar vários callbacks a um sinal, também podemos desconectar cada um deles. Para fazer isso, precisamos do identificador do callback. Esse identificador é o valor retornado pelo método GObject.connect(). Uma vez que tenhamos tal valor, podemos desconectar o callback correspondente com o método GObject.disconnect().
Considere o código abaixo. Ele é uma versão trialware de nosso regressive.py. Nessa versão, nós desconectamos o callback quando faltam apenas três segundos para terminar a contagem. A função, nesse caso, espera que uma variável global handler contenha um identificador que possa ser usado para desconectar um callback de um sinal - o que a função conectada fará quando chegar no momento planejado. Como a variável handler é, logo depois, iniciada com o valor retornado pela conexão do mesmo callback, o callback desconecta a ele mesmo. Salve o código abaixo em trialregressive.py e teste:
1 from counter import Counter
2
3 stop_at = 3
4
5 def trial_regressive_count(counter, number):
6 global handler_id
7 diff = counter.value - number
8 if diff > stop_at:
9 print diff
10 else:
11 print 'For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition!'
12 counter.disconnect(handler_id)
13
14 c = Counter(10)
15 handler_id = c.connect('value-counted', trial_regressive_count)
16 c.run()
A saída será:
$ python trialregressive.py 10 9 8 7 6 5 4 For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition!
Passando mais argumentos que a assinatura
Uma função de callback deve esperar todos os argumentos de um sinal, mas pode esperar argumentos adicionais depois do último argumento do sinal. Nesse caso, quando a função for conectada, o método gobject.GObject.connect() deve receber os argumentos após o nome da função.
Para ver como isso funciona, vamos fazer uma nova versão do nosso programa trialware. Nós vamos pegar o código que fizemos em regressive.py, só que, ao invés de reescrever a função regressive_counting(), faremos outra função que irá desconectar regressive_counting() na hora certa. Essa função será outro callback para o sinal "value-counted" (lembre-se, podemos conectar vários callbacks a um mesmo sinal), de modo que deverá esperar como argumentos, necessariamente, o objeto Counter emissor e o número de segundos passado. Entretanto, essa função também esperará um argumento a mais, que será o identificador do callback a ser desconectado. Esse identificador deverá ser passado como parâmetro para o método gobject.GObject.connect().
1 from counter import Counter
2
3 stop_at = 3
4
5 def regressive_count(counter, number):
6 print counter.value - number
7
8 def implement_trial_limitation(counter, number, handler_id):
9 if counter.value - number == stop_at + 1:
10 print 'For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition!'
11 counter.disconnect(handler_id)
12
13 c = Counter(10)
14 handler_id = c.connect('value-counted', regressive_count)
15 c.connect('value-counted', implement_trial_limitation, handler_id)
16 c.run()
A saída será:
$ python trialregressive.py 10 9 8 7 6 5 4 For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition!
Verificando se o callback ainda está conectado
Às vezes, queremos desconectar um determinado callback mas não sabemos se isso já foi feito. Se tentarmos desconectar um callback já desconectado, PyGObject vai imprimir um alerta, afinal, é bem provável que algo esteja errado. Podemos verificar se o callback correspondente a um identificador já foi desconectado, porém, com o método gobject.GObject.handler_is_connected().
Digamos que queremos que nosso contador, agora, imprima a mensagem "For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition!" todas as vezes em que não imprimiria os números contados, para que seja ainda mais irritante. Podemos alterar a função implement_trial_limitation() para, primeiro, desconectar o callback que imprime os números e depois apenas imprimir a mensagem. Como devemos desconectar o sinal só uma vez, a função agora verificará se o callback ainda está conectado.
1 from counter import Counter
2
3 stop_at = 3
4
5 def regressive_count(counter, number):
6 print counter.value - number
7
8 def implement_trial_limitation(counter, number, handler_id):
9 if not counter.value - number > stop_at:
10 print 'For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition!'
11 if counter.handler_is_connected(handler_id):
12 counter.disconnect(handler_id)
13
14 c = Counter(10)
15 handler_id = c.connect('value-counted', regressive_count)
16 c.connect('value-counted', implement_trial_limitation, handler_id)
17 c.run()
Bloqueando sinais
Nem sempre, porém, queremos apenas desconectar um callback. É comum, por exemplo, fazer um callback parar de ser executado durante um período e torná-lo "ativo" depois desse período. Seria semanticamente equivalente a desconectar o callback durante um tempo e, depois, conectá-lo novamente. até poderíamos implementar essa funcionalidade assim, mas PyGObject oferece uma ferramenta mais eficiente e prática: os métodos gobject.GObject.handler_block() e gobject.GObject.handler_unblock().
Esses métodos vêm a calhar na nossa busca por um software cada vez mais irritante. Vamos fazer nosso trialware parar de imprimir os números no meio da contagem, e retomar a contagem a dois segundos do final. Para isso, vamos bloquear o callback.
1 from counter import Counter
2
3 stop_at = 7
4 restart_at = 3
5
6 def regressive_count(counter, number):
7 print counter.value - number
8
9 def implement_trial_limitation(counter, number, handler_id):
10 diff = counter.value - number
11 if diff == stop_at:
12 counter.handler_block(handler_id)
13 elif stop_at > diff > restart_at:
14 print 'For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition!'
15 elif diff == restart_at:
16 print 'For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition!'
17 counter.handler_unblock(handler_id)
18
19
20 c = Counter(10)
21 handler_id = c.connect('value-counted', regressive_count)
22 c.connect('value-counted', implement_trial_limitation, handler_id)
23 c.run()
Veja como ficou a saída:
$ python trialregressive.py 10 9 8 7 For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition! For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition! For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition! For printing all seconds, BUY our PREMIUM edition! 2 1 0
Closures de classe
Por vezes, é necessário que uma classe execute uma determinada ação sempre que um sinal é emitido, independentemente de haver algum callback conectado ao sinal. Em outras palavras: toda vez que qualquer objeto da classe emitir um sinal, tal ação deve ser executada. Eventualmente poderíamos fazer uma função para responder ao sinal e conectá-la no método __init__(), mas PyGObject possui uma alternativa mais prática e segura para se fazer isso: os closures ou callbacks de classe.
Closures de classe são métodos especiais que são automaticamente associados a um sinal. Toda vez que o sinal é emitido, em qualquer instância da classe, o closure de classe é executado.
Declarando um callback de classe
Declarar um callback de classe é simples: basta declarar um método cujo nome siga a forma do_<nome_do_sinal_alterado>, onde <nome_do_sinal_alterado> é o nome do sinal, substituindo os hífens por underscores.
Para entender como funciona os fechamentos de classe, vamos fazer uma nova versão de nossa classe Counter, que chamaremos de LoggedCounter. Essa versão salvará um log dos segundos contados em um arquivo chamado loggedcounter.log. Poderíamos usar herança, mas, em prol da clareza, vamos definir uma nova classe do zero e salvá-la no arquivo loggedcounter.py:
1 import time
2 import gobject
3
4 class LoggedCounter(gobject.GObject):
5
6 __gsignals__ = {
7 'value-counted' : (
8 gobject.SIGNAL_RUN_LAST,
9 gobject.TYPE_NONE,
10 (gobject.TYPE_INT,)
11 )
12 }
13
14 def __init__(self, value):
15 gobject.GObject.__init__(self)
16 self.logfile = open('loggedcounter.log', 'a')
17 self.value = value
18
19 def do_value_counted(self, second):
20 moment = time.strftime("[%Y-%m-%d %H:%M]")
21 logline = "%s Counted %d\n" % (moment, second)
22 self.logfile.write(logline)
23
24 def run(self):
25 for i in xrange(0, self.value+1): # De 0 ate o valor
26 self.emit('value-counted', i)
27 time.sleep(1) # Espera um segundo
Vamos ver como isso funciona? Reimplementemos nosso antigo regressive.py, agora no arquivo loggedregressive.py, e usando a classe LoggedCounter:
A saída do programa foi idêntica ao antigo regressive.py:
$ python loggedregressive.py 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Agora, porém, foi criado um arquivo loggedregressive.log. Seu conteúdo, aqui em minha máquina, foi:
[2008-01-10 11:01] Counted 0 [2008-01-10 11:01] Counted 1 [2008-01-10 11:01] Counted 2 [2008-01-10 11:01] Counted 3 [2008-01-10 11:01] Counted 4 [2008-01-10 11:01] Counted 5 [2008-01-10 11:01] Counted 6 [2008-01-10 11:01] Counted 7 [2008-01-10 11:01] Counted 8 [2008-01-10 11:01] Counted 9 [2008-01-10 11:01] Counted 10
Definido a ordem de execução
Conforme dissemos lá em cima, é possível definir em que momento um fechamento de classe pode ser executado, isto é, se o fechamento de classe vai ser executado antes ou depois dos callbacks conectados pelo usuário. Já aprendemos como fazer o fechamento de classe ser executado depois dos callbacks de usuário, mas não vimos o resultado disso. Como exemplo, então, faremos duas classes, que chamaremos de RunLastPrinter e RunFirstPrinter. Ambas terão um sinal printing-required, que não receberá parâmetro algum, mas que, em uma, será registrado com a constante gobject.SIGNAL_RUN_LAST e em outra, será registrado com a constante gobject.SIGNAL_RUN_FIRST. Salvaremos esse código num arquivo printers.py.
1 import gobject
2
3 class RunLastPrinter(gobject.GObject):
4 __gsignals__ = {
5 'printing-required' : (gobject.SIGNAL_RUN_LAST, gobject.TYPE_NONE, ())
6 }
7 def do_printing_required(self):
8 print 'RunLastPrinter class closure printing'
9
10 class RunFirstPrinter(gobject.GObject):
11 __gsignals__ = {
12 'printing-required' : (gobject.SIGNAL_RUN_FIRST, gobject.TYPE_NONE, ())
13 }
14
15 def do_printing_required(self):
16 print 'RunFirstPrinter class closure printing'
Usando o código de printers.py, testamos o seguinte script:
1 import printers
2
3 def user_callback(printer):
4 print '%s User callback printing' % printer.__class__.__name__
5 rlp = printers.RunLastPrinter()
6 rlp.connect('printing-required', user_callback)
7 rlp.emit('printing-required')
8 print
9 rfp = printers.RunFirstPrinter()
10 rfp.connect('printing-required', user_callback)
11 rfp.emit('printing-required')
A saída do código acima foi:
RunLastPrinter User callback printing RunLastPrinter class closure printing RunFirstPrinter class closure printing RunFirstPrinter User callback printing
Note como, quando o sinal é emitido por um objeto da classe RunLastPrinter, o callback de classe é executado depois do callback de usuário. Quando o sinal é emitido pela instância de RunFirstPrinter, o fechamento de classe é executado antes do callback de usuário.
Conectando callbacks com método connect_after()
Lá em cima, dissemos que declarar um sinal que rode o fechamento de classe depois dos callbacks de usuário é mais flexívei, mas não explicamos por quê. Declarar um sinal como gobject.SIGNAL_RUN_LAST, na verdade, permite que callbacks de usuário sejam executados tanto antes quanto depois do fechamento de classe. Se os callbacks são conectados com o método connect(), eles serão executados ants do callback de classe; entretanto, se forem conectados com o método connect_after(), serão executados depois do callback de classe. Desse modo, o script abaixo
1 import printers
2
3 def common_callback(printer):
4 print '%s User callback connected as usual' % printer.__class__.__name__
5
6 def after_callback(printer):
7 print '%s User callback connected "after"' % printer.__class__.__name__
8
9 rlp = printers.RunLastPrinter()
10 rlp.connect('printing-required', common_callback)
11 rlp.emit('printing-required')
12 print
13 # Novo, para "limpar" os callbacks
14 rlp = printers.RunLastPrinter()
15 rlp.connect_after('printing-required', after_callback)
16 rlp.emit('printing-required')
17 print
18 #Agora, todos juntos!
19 rlp = printers.RunLastPrinter()
20 rlp.connect('printing-required', common_callback)
21 rlp.connect_after('printing-required', after_callback)
22 rlp.emit('printing-required')
será
RunLastPrinter User callback connected as usual RunLastPrinter class closure printing RunLastPrinter class closure printing RunLastPrinter User callback connected "after" RunLastPrinter User callback connected as usual RunLastPrinter class closure printing RunLastPrinter User callback connected "after"
Se o sinal fosse declarado com gobject.SIGNAL_RUN_FIRST, como na classe RunFirstPrinter, não seria possível fazer um callback ser executado antes do fechamento de classe. Veja o script abaixo, no qual apenas trocamos as classes RunLastPrinter por RunFirstPrinter:
1 import printers
2
3 def common_callback(printer):
4 print '%s User callback connected as usual' % printer.__class__.__name__
5
6 def after_callback(printer):
7 print '%s User callback connected "after"' % printer.__class__.__name__
8
9 rfp = printers.RunFirstPrinter()
10 rfp.connect('printing-required', common_callback)
11 rfp.emit('printing-required')
12 print
13 # Novo, para "limpar" os callbacks
14 rfp = printers.RunFirstPrinter()
15 rfp.connect_after('printing-required', after_callback)
16 rfp.emit('printing-required')
17 print
18 #Agora, todos juntos!
19 rfp = printers.RunFirstPrinter()
20 rfp.connect('printing-required', common_callback)
21 rfp.connect_after('printing-required', after_callback)
22 rfp.emit('printing-required')
A saída do script é
RunFirstPrinter class closure printing RunFirstPrinter User callback connected as usual RunFirstPrinter class closure printing RunFirstPrinter User callback connected "after" RunFirstPrinter class closure printing RunFirstPrinter User callback connected as usual RunFirstPrinter User callback connected "after"
A ordem de execução gobject.SIGNAL_RUN_CLEANUP
Assim como a ordem de execução gobject.SIGNAL_RUN_FIRST força que o callback de classe seja executado antes dos callbacks de usuário, é possível declarar que o fechamento de classe de um sinal deverá ocorrer necessáriamente após a execução de todos os callbacks de usuário. Para isso, usamos a ordem de execução gobject.SIGNAL_RUN_CLEANUP. Como o nome da constante deixa claro, essa ordem de execução foi primariamente pensada para fazer o clean-up, a "limpeza" do que os callbacks executaram.
Para testá-la, escrevemos um arquivo printers2.py que declara uma nova classe Printer, previsivelmente chamada RunCleanUpPrinter. Seu código segue abaixo. Note que alteramos a ordem de execução na declaração do sinal.
1 import gobject
2
3 class RunCleanUpPrinter(gobject.GObject):
4 __gsignals__ = {
5 'printing-required' : (gobject.SIGNAL_RUN_CLEANUP, gobject.TYPE_NONE, ())
6 }
7
8 def do_printing_required(self):
9 print 'RunCleanUpPrinter class closure printing'
10
11 Reescrevemos os ''scripts'' de exemplo acima utilizando a nova classe...
12
13 import printers2
14
15 def common_callback(printer):
16 print '%s User callback connected as usual' % printer.__class__.__name__
17
18 def after_callback(printer):
19 print '%s User callback connected "after"' % printer.__class__.__name__
20
21 rcp = printers2.RunCleanUpPrinter()
22 rcp.connect('printing-required', common_callback)
23 rcp.emit('printing-required')
24 print
25 # Novo, para "limpar" os callbacks
26 rcp = printers2.RunCleanUpPrinter()
27 rcp.connect_after('printing-required', after_callback)
28 rcp.emit('printing-required')
29 print
30 #Agora, todos juntos!
31 rcp = printers2.RunCleanUpPrinter()
32 rcp.connect('printing-required', common_callback)
33 rcp.connect_after('printing-required', after_callback)
34 rcp.emit('printing-required')
...e a saída foi
RunCleanUpPrinter User callback connected as usual RunCleanUpPrinter class closure printing RunCleanUpPrinter User callback connected "after" RunCleanUpPrinter class closure printing RunCleanUpPrinter User callback connected as usual RunCleanUpPrinter User callback connected "after" RunCleanUpPrinter class closure printing
Propriedades
Além de sinais, outra funcionalidade bastante atraente dos GObjects são as propriedades.
Propriedades são uma espécie de interface para valores. Elas permitem impor restrições e associar sinais à mudança de certos atributos. De maneira simplificada, propriedades seriam análogas - não surpreendentemente - às properties de Python, ou mais precisamente, a descriptors, e seriam usadas quando meros atributos não são suficientes.
A diferença mais visível entre propriedades de PyGObject e atributos é a maneira como seus valores são acessados. Numa classe normal, que utiliza atributos, eles são acessados assim:
Se Person fosse, na verdade, um GObject e os atributos fossem, na verdade, propriedades de GObject, a sintaxe seria a seguinte:
Há também outra sintaxe disponível, que coloca as propriedades como atributos do atriboto props do GObject:
São sintaxes mais complexas, mas permitem utilizar todas as funcionalidades de propriedades, que veremos aqui.
Declarando uma propriedade
Assim como sinais, propriedades precisam ser declaradas. A maneira de declará-las é semelhante à usada para sinais: em um atributo de classe colocamos um dicionário no qual chaves são associadas a tuplas que, enfim, definirão as características das propriedades. Nesse caso, o atributo de classe se charmará __gproperties__, as chaves do dicionário serão o nome dos atributos e o conteúdo da tupla variará de acordo com o tipo do atributo.
O primeiro elemento da tupla de declaração é o tipo da propriedade. Os tipos podem ser declarados assim como foram na assinatura dos sinais: você pode utilizar as constantes gobjec.TYPE_*, algumas classes de Python ou classes GObject. O segundo elemento da tupla é uma string com uma descrição curtíssima, usualmente chamada de nick name. O terceiro elemento é outra descrição, ainda curta, mas mais clara, geralmente em forma de uma frase só.
O último elemento, que não necessáriamente será o quarto, é um conjunto de flags que descrevem algumas características da propriedade. Dessas flags, veremos, a princípio, as flags gobject.PARAM_READABLE, gobject.PARAM_WRITABLE e gobject.PARAM_READWRITE, que definirão, respectivamente, que a propriedade pode ser lida, alterada ou tanto lida quanto alterada. No caso, não faz muito sentido utilizar várias flags, já que só veremos essas, que são redundantes, mas, se fôssemos utilizar outras flags (como e. g. gobject.PARAM_CONSTRUCT), poderíamos utilizar vários valores "unindo-os" com a operação "or bit a bit". Por exemplo, a flag gobject.PARAM_READWRITE é efetivamente equivalente a gobject.PARAM_READABLE | gobject.PARAM_WRITABLE.
Entre o terceiro valor e o último, pode haver mais valores, dependendo do tipo da propriedade. Os tipos numéricos gobject.TYPE_*CHAR, gobject.TYPE_*INT*, gobject.TYPE_*LONG, gobject.TYPE_FLOAT e gobject.TYPE_DOUBLE, por exemplo, esperarão três valores entre o terceiro item e o último, que são, na ordem, o menor valor aceito para a propriedade, o maior valor aceito para a propriedade e o valor padrão da propriedade, quando não for inicializada. Os tipos gobject.TYPE_BOOLEAN, gobject.TYPE_ENUM, gobject.TYPE_FLAGS e gobject.TYPE_STRING esperam só um outro valor entre o terceiro e o último, que é o valor padrão. Os demais tipos, gobject.TYPE_PARAM, gobject.TYPE_BOXED, gobject.TYPE_POINTER e gobject.TYPE_OBJECT não esperam mais nenhum parâmetro, de modo que o último valor da tupla é realmente o quarto.
Como essa longa descrição deve soar confusa, vamos a um exemplo.
A classe Person
Vamos trabalhar com um novo desafio nesse exemplo. Vamos fazer um banco de dados de pessoas, no qual registraremos o nome e a data de nascimento das pessoas, e do qual podemos recuperar a idade delas. A princípio, a maneira mais natural de representar esses dados é com uma classe como a que se segue:
1 import datetime
2
3 class Person(object):
4 def __init__(self, name, birthday):
5 self.name = name
6 self.birthday = birthday
7
8 def get_age(self):
9 now = datetime.datetime.now()
10 delta = now - self.birthday
11 # Essa não é uma maneira correta de calcular
12 # idade mas serve para o exemplo
13 return delta.days / 365
De fato, essa é a maneira mais simples de fazer isso, mas também poderíams fazer com PyGObject e propriedades. Primeiro, teríamos de fazer com que a classe Person herdasse de gobject.GObject:
Nesse caso, seria interessante que fizéssemos com que o nome, a data de nascimento e a idade fossem propriedades do objeto. O nome e a data de nascimento poderiam ser alterados, mas não faria sentido alterar a idade, naturalmente. Teríamos então de declarar as propriedades através do atributo de classe __gproperties__, conforme descrevemos acima. A declaração ficaria mais ou menos assim:
1 import datetime
2 import gobject
3
4 class Person(gobject.GObject):
5 # As declarações vão dentro desse atributo
6 __gproperties__ = {
7 'name' : (
8 gobject.TYPE_STRING,
9 'Person name',
10 'The name of the person',
11 '', # O valor padrão é string vazia
12 gobject.PARAM_READWRITE
13 ),
14 'birthday' : (
15 gobject.TYPE_PYOBJECT, # Conterá um datetime
16 'Person birthday',
17 'The day when the person has been born',
18 gobject.PARAM_READWRITE # Note, nenum valor padrão
19 ),
20 'age' : (
21 gobject.TYPE_INT,
22 'Person age',
23 'How old the person is',
24 0, # Valor mínimo
25 200, # Valor máximo
26 0, # Valor padrão
27 gobject.PARAM_READABLE # Não pode ser escrita
28 )
29 }
Armazenando e recuperando valores de propriedades
Assim como as properties de Python, propriedades de PyGObject não armazenam valores por si só: é preciso armazená-los de alguma forma em algum lugar, e recuperá-los quando necessário.
Um exemplo deixará isso mais claro. Na classe Person, as propriedades 'name' e 'birthday' podem tanto ser lidas quanto escritas. Entretanto, quando atribuímos um valor a essas propriedades esse valor não é automaticamente armazenado - nós precisamos armazenar esse valor em algum lugar. Minha sugestão é armazená-los em atributos do objeto chamados name e birthday (originalidade não conta pontos, sir). Vamos, então, atribuir os valores adequados no método __init__() da classe:
Nesse momento, não existe nenhuma relação entre a propriedade 'name' e o atributo name, nem entre a propriedade 'birthday' e o atributo birthday. Atribuir valores a essas propriedades não alterará o valor dos atributos, e recuperar o valor das propriedades tampouco retornaria o valor dos atributos - na verdade, no estágio atual, essas operações gerariam um erro. Para fazer com que a operação de alterar a propriedade altere os atributos e a operação de recuperar as propriedades retorne os atributos, precisamos definir os métodos do_get_property() e do_set_property().
Os métodos do_get_property() e do_set_property()
Para que propriedades possam receber valores e retornar valores, é necessário definir os métodos do_set_property() (que atribui valores a propriedades) e do_get_property() (que retorna valores de propriedade. O método do_set_property() deve esperar dois argumentos além do self. O primeiro argumento é um especificador de parâmetro que trará alguns dados necessários sobre a propriedade, como, por exemplo, o nome; o segundo argumento é o valor a ser atribuído à propriedade. O método do_get_property() apenas o especificador de parâmetro como argumento.
Na nossa classe, queremos que os valores atribuídos às proporiedades 'name' e 'birthday' sejam armazenados nos atributos de objeto name e birthday. Nosso método do_set_property() será então assim:
1 def do_set_property(self, property_spec, value):
2 # Podemos recuperar o nome da propriedade a partir do especificador
3 # no atributo 'name' dele.
4 if property_spec.name == 'name': # Se a propriedade é o nome
5 self.name = value # atribua valor a self.name;
6 elif property_spec.name == 'birthday': # se é a data de nascimento
7 self.birthday = value # atribua a self.birthday
Também queremos ler os valores das propriedades, então definimos o método do_get_property() abaixo:
Nossa classe está quase pronta. Só falta retornar o valor da propriedade 'age' - como ela é uma propriedade somente para leitura, não precisamos prover uma maneira de lhe atribuir um valor. Como na classe original, recuperaremos o valor a partir da data de nascimento (usando inclusive o mesmo algoritmo incorreto). Basta, então, adicionar mais um elif à cadeia já presente no nosso método:
1 def do_get_property(self, property_spec):
2 if property_spec.name == 'name': # Se a propriedade é o nome
3 return self.name # retorne o valor de self.name;
4 elif property_spec.name == 'birthday': # se é a data de nascimento
5 return self.birthday # retorne o valor de self.birthday
6 elif property_spec.name == 'age':
7 now = datetime.datetime.now()
8 delta = now - self.birthday
9 return delta.days / 365
O resultado final, que salvaremos no arquivo person.py para usar nos próximos exemplos, é:
1 # -*- coding: utf-8 -*-
2 import datetime
3 import gobject
4
5 class Person(gobject.GObject):
6 # As declarações vão dentro desse atributo
7 __gproperties__ = {
8 'name' : (
9 gobject.TYPE_STRING,
10 'Person name',
11 'The name of the person',
12 '', # O valor padrão é string vazia
13 gobject.PARAM_READWRITE
14 ),
15 'birthday' : (
16 gobject.TYPE_PYOBJECT, # Conterá um datetime
17 'Person birthday',
18 'The day when the person has been born',
19 gobject.PARAM_READWRITE # Note, nenum valor padrão
20 ),
21 'age' : (
22 gobject.TYPE_INT,
23 'Person age',
24 'How old the person is',
25 0, # Valor mínimo
26 200, # Valor máximo
27 0, # Valor padrão
28 gobject.PARAM_READABLE # Não pode ser escrita
29 )
30 }
31
32 def __init__(self, name, birthday):
33 gobject.GObject.__init__(self)
34 self.name = name
35 self.birthday = birthday
36
37 def do_set_property(self, property_spec, value):
38 # Podemos recuperar o nome da propriedade a partir do especificador
39 # no atributo 'name' dele.
40 if property_spec.name == 'name': # Se a propriedade é o nome
41 self.name = value # atribua valor a self.name;
42 elif property_spec.name == 'birthday': # se é a data de nascimento
43 self.birthday = value # atribua a self.birthday
44
45 def do_get_property(self, property_spec):
46 if property_spec.name == 'name': # Se a propriedade é o nome
47 return self.name # retorne o valor de self.name;
48 elif property_spec.name == 'birthday': # se é a data de nascimento
49 return self.birthday # retorne o valor de self.birthday
50 elif property_spec.name == 'age':
51 now = datetime.datetime.now()
52 delta = now - self.birthday
53 return delta.days / 365
Lendo e alterando propriedades
Definida a classe, podemos instanciá-la e brincar com suas propriedades. Por exemplo, vamos fazer um programa simples, someone.py, que lerá os dados de uma pessoa, criará o objeto person.Person e depois imprimirá os valores. Primeiro, fazemos uma função que leia os dados e instancie person.Person:
1 import datetime
2
3 from person import Person
4
5 def read_person():
6 name = raw_input('Nome: ')
7 birth_string = raw_input('Data de nascimento (dd/mm/yyyy): ')
8 # Divide em uma lista de strings
9 splitted = birth_string.split('/')
10 day, month, year = [int(string) for string in splitted]
11 birthday = datetime.datetime(year=year, month=month, day=day)
12 person = Person(name, birthday)
13 return person
Agora, fazemos uma função que receba uma "pessoa" e imprima seus dados:
Vamos, por fim, chamar as funções:
O programa completo segue abaixo:
1 #!/usr/bin/env python
2 # -*- coding: utf-8 -*-
3 import datetime
4
5 from person import Person
6
7 def read_person():
8 name = raw_input('Nome: ')
9 birth_string = raw_input('Data de nascimento (dd/mm/yyyy): ')
10 # Divide em uma lista de strings
11 splitted = birth_string.split('/')
12 day, month, year = [int(string) for string in splitted]
13 birthday = datetime.datetime(year=year, month=month, day=day)
14 person = Person(name, birthday)
15 return person
16
17 def print_person(person):
18 print 'Nome: %s' % person.get_property('name')
19 # É preciso formatar o objeto datetime
20 birth_string = person.get_property('birthday').strftime('%d/%m/%Y')
21 print 'Data de nascimento: %s' % birth_string
22 print 'Idade: %d' % person.get_property('age')
23
24 person = read_person()
25 print_person(person)
Poderíamos, naturalmente, usar a outra sintaxe de acesso a propriedades. Desse modo, print_person seria assim:
Agora, depois de imprimirmos os dados, vamos dar a opção ao usuário de alterar algum deles. Vamos criar a função alter_person:
1 def alter_person(person, name, birth_string):
2 if name != ''':
3 person.set_property('name', name)
4 if birth_string != ''':
5 splitted = birth_string.split('/')
6 day, month, year = [int(string) for string in splitted]
7 birthday = datetime.datetime(year=year, month=month, day=day)
8 person.set_property('birthday', birthday)
Nosso novo programa será, então:
1 #!/usr/bin/env python
2 # -*- coding: utf-8 -*-
3 import datetime
4
5 from person import Person
6
7 def read_person():
8 name = raw_input('Nome: ')
9 birth_string = raw_input('Data de nascimento (dd/mm/yyyy): ')
10 # Divide em uma lista de strings
11 splitted = birth_string.split('/')
12 day, month, year = [int(string) for string in splitted]
13 birthday = datetime.datetime(year=year, month=month, day=day)
14 person = Person(name, birthday)
15 return person
16
17 def print_person(person):
18 print 'Nome: %s' % person.get_property('name')
19 # É preciso formatar o objeto datetime
20 birth_string = person.get_property('birthday').strftime('%d/%m/%Y')
21 print 'Data de nascimento: %s' % birth_string
22 print 'Idade: %d' % person.get_property('age')
23
24 def alter_person(person, name, birth_string):
25 if name != ''':
26 person.set_property('name', name)
27 if birth_string != ''':
28 splitted = birth_string.split('/')
29 day, month, year = [int(string) for string in splitted]
30 birthday = datetime.datetime(year=year, month=month, day=day)
31 person.set_property('birthday', birthday)
32
33 person = read_person()
34 print_person(person)
35 name = raw_input('Novo nome? ')
36 birth_string = raw_input('Nova data de nascimento? ')
37 alter_person(person, name, birth_string)
38 print_person(person)
Novamente, poderíamos usar a sintaxe .props:
1 def alter_person(person, name, birth_string):
2 if name != ''':
3 person.props.name = name
4 if birth_string != ''':
5 splitted = birth_string.split('/')
6 day, month, year = [int(string) for string in splitted]
7 birthday = datetime.datetime(year=year, month=month, day=day)
8 person.props.birthday = birthday
que o programa funcionaria perfeitamente.
Agora que já sabemos como alterar valores de propriedades, vamos modificar nosso método Person.__init__() para que altere as propriedades em si, e não os atributos. Conforme veremos à frente, essa forma possui bastante vantagens:
Atribuindo valores a propriedades em construtures
Existe uma terceira maneira de atribuir valor a propriedades, com o método gobject.GObject.__init__(). Quando invocamos esse método, podemos passar parâmetros nomeados que inicializem as propriedades. Assim como o método Person.__init__() abaixo
equivale a
também podemos implementar o método de maneira muito mais objetiva:
Funcionalidades de propriedades de PyGObject
Produzimos um monte de código para usar propriedades, mas não vimos nenhuma grande vantagem até o momento. Vamos ver, então, o que propriedades têm de interessante.
A classe Complex
Para estudarmos melhor algumas funcionalidades das propriedades em PyGObject, vamos criar uma nova classe.
Considere uma classe que represente números complexos. Se formos representar seus valores com propriedades de GObject, essa classe teria quatro candidatas a propriedades: a parte real do número, a parte imaginária do número, o módulo do número e o argumento do número. Assim, poderíamos ter a seguinte declaração:
1 import math
2 import gobject
3
4 class Complex(gobject.GObject):
5 __gproperties__ = {
6 # Parte real
7 'real' : (
8 gobject.TYPE_DOUBLE,
9 'Real part',
10 'The real part of the complex number',
11 -float("infinity"), float("infinity"), 0,
12 gobject.PARAM_READWRITE
13 ),
14 # Parte imaginária
15 'imaginary' : (
16 gobject.TYPE_DOUBLE,
17 'Imaginary part',
18 'The imaginary part of the complex number',
19 -float("infinity"), float("infinity"), 0,
20 gobject.PARAM_READWRITE
21 ),
22 # Módulo do número, igual a sqrt(real**2+imaginary**2)
23 'modulus' : (
24 gobject.TYPE_DOUBLE,
25 'The number modulo',
26 'The modulo of the complex number',
27 -float("infinity"), float("infinity"), 0,
28 gobject.PARAM_READABLE
29 ),
30 # Argumento do número, igual a arctg(real/imaginary)
31 'argument' : (
32 gobject.TYPE_DOUBLE,
33 'The number argument',
34 'The argument of the complex number, in radians',
35 0, math.pi*2, 0, # Valores possívels para ângulos
36 gobject.PARAM_READABLE
37 )
38 }
Definimos um método __init__():
E os métodos do_set_property() e do_get_property(), que usarão os métodos auxiliares _get_modulus() e _get_argument():
1 def do_set_property(self, property_specs, value):
2 if property_specs.name == 'real':
3 self._real = value
4 elif property_specs.name == 'imaginary':
5 self._imaginary = value
6
7 def do_get_property(self, property_specs):
8 if property_specs.name == 'real':
9 return self._real
10 elif property_specs.name == 'imaginary':
11 return self._imaginary
12 elif property_specs.name == 'modulus':
13 return self._get_modulus()
14 elif property_specs.name == 'argument':
15 return self._get_argument()
Agora, precisamos dos métodos _get_modulus() e _get_argument(). Abaixo segue a implementação deles. Não são exatamente o melhor exemplo de cálculo numérico que você verá por aí, mas servirão para nosso exemplo:
1 def _get_modulus(self):
2 return math.sqrt(self._real**2+self._imaginary**2)
3
4 def _get_argument(self):
5 if self._real != 0:
6 arc = math.atan(self._imaginary/self._real)
7 if self._real > 0 and self._imaginary > 0:
8 return arc
9 elif self._real < 0 and self._imaginary > 0:
10 return math.pi - arc
11 elif self._real < 0 and self._imaginary < 0:
12 return math.pi + arc
13 elif self._real > 0 and self._imaginary < 0:
14 return 2*math.pi - arc
15 else:
16 if self._real > 0:
17 return 0
18 else:
19 return math.pi
20 else:
21 if self._imaginary > 0:
22 return math.pi/2
23 elif self._imaginary < 0:
24 return 3*math.pi/2
25 else:
26 return 0
Uma vez definida tal classe, vamos salvá-la no arquivo complex.py, para facilitar nosso estudo.
Restrição de tipo
Um aspecto que pode interessar a alguns programadores são as restrições de tipo e intervalo que se podem fazer a propriedades. Nossa classe Complex, por exemplo, só aceita que sejam atribuídos a suas propriedades real e imaginary valores de ponto flutuante.
Agora que a classe está criada e salva, vamos trabalhar com ela no terminal interativo. Abra um prompt do interpretador Python e importe a classe:
1 >>> from complex import Complex
Agora, vamos criar um novo objeto Complex e dar uma olhada nas suas propriedades de PyGObject:
Como se vê, é um objeto bem sem graça. Vamos mudar o valor das propriedades real e imaginary:
Nenhum erro ocorreu. Agora, e se tentássemos atribuir, digamos, uma string às propriedades?
As propriedades não aceitam valores de tipos incompatíveis! No exemplo acima, uma exceção é lançada quando tentamos atribuir uma string a uma propriedade que espera um número de ponto flutuante. Em outras palavras, as propriedades de PyGObject são estaticamente tipadas. Pode não ser algo muito pythônico, mas há bastante gente que gosta desse tipo de coisa...
A tipagem estática das propriedades é bastante flexível, porém. Quando a conversão de um tipo para outro não oferece riscos de exceções, ela geralmente é feita automaticamente. Por exemplo, retornando rapidamente à nossa classe Person, podemos atribuir os mais diversos valores ao nome de um objeto Person sem problemas:
1 >>> from person import Person
2 >>> from datetime import datetime
3 >>> birthday = datetime(year=1983, month=11, day=30)
4 >>> p = Person('Bárbara', birthday)
5 >>> p.props.name
6 'B\xc3\xa1rbara'
7 >>> p.props.name = 2
8 >>> p.props.name
9 '2'
10 >>> p.props.name = Person
11 >>> p.props.name
12 "<class 'person.Person'>"
A razão para isso ser permitido é simples: qualquer objeto em Python pode ser convertido para string. Do mesmo modo, se atribuíssemos a uma propriedade do tipo gobject.PARAM_INT um número de ponto flutuante, o número seria convertido para um inteiro.
Também é possível evitar a tipagem estática das propriedades utilizando o tipo gobject.TYPE_PYOBJECT, que aceita valores de qualquer tipo de Python. Cremos que, se você vai utilizar propriedades de GObject, é mais interessante declarar um tipo bem definido. Entretanto, essa tipagem dinâmica às vezes é útil, ou mesmo necessária. Por exemplo, na classe Person precisávamos guardar uma data, mas não existe tal tipo definido em GObject. Por vezes, é necessáriodeclarar propriedades que conteriam inteiros muito grandes como gobject.TYPE_PYOBJECT, pois os valores superavam as faixas de gobject.TYPE_*INT*.
Restrição de leitura e escrita
Podemos especificar se uma propriedade pode ser lida, escrita, ou ambas. Já criamos tanto propriedades que podiam ser lidas e escritas (como as propriedades 'name' e 'birthday' de person.Person e 'real' e 'imaginary' de complex.Complex) quanto propriedades que podem apenas ser lidas (como 'age' em person.Person e 'modulus' e 'argument' em complex.Complex). Evidentemente, tentar alterar o valor de uma propriedade somente-leitura resulta em um lançamento de exceção:
Geralmente, as propriedades somente-leitura são funções do estado do objeto, isto é, podem ser deduzidas dos valores que o objeto já possui. Propriedades somente-escrita são mais raras, mas podem ser úteis para definir configurações. Propriedades leitura-e-escrita são bastante intuitivas e usadas.
Abstração de dados
Outra vantagem das propriedades de GObject é a abstração de dados que podemos obter. Nossa classe Complex deixou isso bem claro: ela permite recuperar o módulo e a norma do número complexo sem deixar evidente os cálculos que são feitos. A abstração pode ser ainda mais sofisticada. Por exemplo, podemos prover formas de atribuir valores ao módulo ou ao ângulo do número complexo de forma totalmente abstrata.
Vejamos como. Primeiro, temos de redefinir as propriedades para serem "readwrite":
1 # Módulo do número, igual a sqrt(real**2+imaginary**2)
2 'modulus' : (
3 gobject.TYPE_DOUBLE,
4 'The number modulo',
5 'The modulo of the complex number',
6 -float("infinity"), float("infinity"), 0,
7 gobject.PARAM_READWRITE
8 ),
9 # Argumento do número, igual a arctg(real/imaginary)
10 'argument' : (
11 gobject.TYPE_DOUBLE,
12 'The number argument',
13 'The argument of the complex number, in radians',
14 0, math.pi*2, 0, # Valores possívels para ângulos
15 gobject.PARAM_READWRITE
16 ),
Colocamos, então, mais alguns condicionais no método Complex.do_set_property(), chamando uns métodos que declararemos:
1 def do_set_property(self, property_specs, value):
2 if property_specs.name == 'real':
3 self._real = value
4 elif property_specs.name == 'imaginary':
5 self._imaginary = value
6 elif property_specs.name == 'modulus':
7 return self._set_modulus(value)
8 elif property_specs.name == 'argument':
9 return self._set_argument(value)
Por fim, definamos os métodos Complex._set_modulus() e Complex._set_argument() que irão, na verdade, atribuir valores às propriedades real e imaginary:
1 def _set_modulus(self, value):
2 argument = self.props.argument
3 self.props.real = value * math.cos(argument)
4 self.props.imaginary = value * math.sin(argument)
5
6 def _set_argument(self, value):
7 modulus = self.props.modulus
8 self.props.real = modulus * math.cos(value)
9 self.props.imaginary = modulus * math.sin(value)
Nosso novo arquivo complex.py ficaria assim:
1 #!/usr/bin/env python
2 # -*- coding: utf-8 -*-
3 import math
4 import gobject
5
6 class Complex(gobject.GObject):
7 __gproperties__ = {
8 'real' : (
9 gobject.TYPE_DOUBLE,
10 'Real part',
11 'The real part of the complex number',
12 -float("infinity"), float("infinity"), 0,
13 gobject.PARAM_READWRITE
14 ),
15 'imaginary' : (
16 gobject.TYPE_DOUBLE,
17 'Imaginary part',
18 'The imaginary part of the complex number',
19 -float("infinity"), float("infinity"), 0,
20 gobject.PARAM_READWRITE
21 ),
22 'modulus' : (
23 gobject.TYPE_DOUBLE,
24 'The number modulo',
25 'The modulo of the complex number',
26 -float("infinity"), float("infinity"), 0,
27 gobject.PARAM_READWRITE
28 ),
29 'argument' : (
30 gobject.TYPE_DOUBLE,
31 'The number argument',
32 'The argument of the complex number, in radians',
33 0, math.pi*2, 0, # Valores possívels para ângulos
34 gobject.PARAM_READWRITE
35 )
36 }
37
38 def __init__(self, real=0, imaginary=0):
39 gobject.GObject.__init__(self, real=real, imaginary=imaginary)
40
41 def do_set_property(self, property_specs, value):
42 if property_specs.name == 'real':
43 self._real = value
44 elif property_specs.name == 'imaginary':
45 self._imaginary = value
46 elif property_specs.name == 'modulus':
47 return self._set_modulus(value)
48 elif property_specs.name == 'argument':
49 return self._set_argument(value)
50
51 def do_get_property(self, property_specs):
52 if property_specs.name == 'real':
53 return self._real
54 elif property_specs.name == 'imaginary':
55 return self._imaginary
56 elif property_specs.name == 'modulus':
57 return self._get_modulus()
58 elif property_specs.name == 'argument':
59 return self._get_argument()
60
61 def _get_modulus(self):
62 return math.sqrt(self._real**2+self._imaginary**2)
63
64 def _get_argument(self):
65 if self._real != 0:
66 arc = math.atan(self._imaginary/self._real)
67 if self._real > 0 and self._imaginary > 0:
68 return arc
69 elif self._real < 0 and self._imaginary > 0:
70 return math.pi - arc
71 elif self._real < 0 and self._imaginary < 0:
72 return math.pi + arc
73 elif self._real > 0 and self._imaginary < 0:
74 return 2*math.pi - arc
75 else:
76 if self._real > 0:
77 return 0
78 else:
79 return math.pi
80 else:
81 if self._imaginary > 0:
82 return math.pi/2
83 elif self._imaginary < 0:
84 return 3*math.pi/2
85 else:
86 return 0
87
88 def _set_modulus(self, value):
89 argument = self.props.argument
90 self.props.real = value * math.cos(argument)
91 self.props.imaginary = value * math.sin(argument)
92
93 def _set_argument(self, value):
94 modulus = self.props.modulus
95 self.props.real = modulus * math.cos(value)
96 self.props.imaginary = modulus * math.sin(value)
Veja um exemplo do funcionamento de nossa classe:
1 >>> c = Complex()
2 >>> c.props.real
3 0.0
4 >>> c.props.imaginary
5 0.0
6 >>> c.props.modulus = 2
7 >>> c.props.real
8 2.0
9 >>> c.props.imaginary
10 0.0
11 >>> import math
12 >>> c.props.argument = math.pi/2
13 >>> c.props.real
14 1.2246063538223773e-16
15 >>> c.props.imaginary
16 2.0
17 >>> c.props.argument = math.pi/4
18 >>> c.props.real
19 1.4142135623730951
20 >>> c.props.imaginary
21 1.4142135623730949
Como se percebe, os cálculos são totalmente abstraídos.