Internacionalizando programas feitos com PyGtk e LibGlade
Leandro Resende Mattioli
Última atualização: 02/02/2009
Conteúdo
Introdução
Este pequeno tutorial mostra como utilizar a internacionalização (i18n) em aplicações Python que utilizam PyGtk e LibGlade. Com a internacionalização, o idioma do programa é definido em tempo de execução, de acordo com variáveis do sistema. As etapas aqui descritas servem para qualquer sistema operacional GNU/Linux baseado na distribuição Debian, como por exemplo o Ubuntu. Com algumas modificações, no entanto, é possível aproveitar este tutorial para outras distribuições ou mesmo outros sistemas operacionais.
Pré-requisitos
Este tutorial parte do princípio que o leitor esteja familiarizado com algum ambiente GNU/Linux baseado no Debian GNU/Linux (ou o próprio Debian, é claro). Além disso, o tutorial supõe que o leitor já tenha uma aplicação feita em PyGtk e LibGlade.
Breve introdução à internacionalização
(em construção...)
Ferramentas utilizadas
Os seguintes pacotes deverão estar instalados:
A maioria destes pacotes já vêm configurados por padrão praticamente em todas as distribuições Linux atuais. Caso seja necessário instalar, por exemplo, o intltool no Debian, basta executar os seguintes comandos:
su apt-get install intltool
O primeiro comando irá solicitar a senha do usuário root.
Para o Ubuntu Linux, o comando apropriado é:
sudo apt-get install intltool
O comando solicitará a senha do usuário.
Caso você esteja usando outra distribuição, consulte a documentação da mesma para obter detalhes do procedimento de instalação.
Modificando o código da sua aplicação
Algumas pequenas modificações serão feitas, conforme exemplo abaixo:
1 #!/usr/bin/env python
2 # -*- coding: utf-8 -*-
3
4 """Exemplo para i18n.
5
6 OBS.: Não tente executar isto! O código é apenas ilustrativo.
7
8 """
9
10 import gettext
11 import pygtk
12 pygtk.require("2.0")
13 import gtk, gtk.glade
14
15 APP = 'nomedoprograma'
16 DIR = 'locale'
17
18 gettext.bindtextdomain(APP,DIR)
19 gettext.textdomain(APP) _ = gettext.gettext
20
21 print _("String em português 1")
22 print _("String em português 2")
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24 gtk.glade.bindtextdomain(APP,DIR)
25 gtk.glade.textdomain(APP)
26
27 ....
Comentários
As variáveis APP e DIR serão utilizadas para buscar um arquivo de tradução para o programa. Em tempo de execução, um arquivo <DIR>/<locale>/LC_MESSAGES/<APP>.mo será procurado, onde <locale> é um indicador do idioma, como pt_BR. Irei tratar deste arquivo em breve.
- Costuma-se utilizar o símbolo "_" para representar o método gettext.gettext . Desta forma as strings que deverão ter suporte à internacionalização terão a forma _("string que pode ser traduzida").
Durante o desenvolvimento do programa, é comum usar a variável DIR com o valor 'locale' ou 'po'. No entanto, é mais apropriado usar uma pasta do sistema específica para isto. Da mesma forma que os binários vão para /usr/bin, os arquivos de tradução geralmente vão para /usr/share/locale.
- O arquivo gerado pelo Glade não será alterado.
Extraindo as mensagens do Glade
O programa intltool-extract extrai as strings de um arquivo do tipo GladeXML (no exemplo, interface.glade), e gera um arquivo .h (no exemplo, interface.glade.h):
intltool-extract --type="gettext/glade" interface.glade
Gerando o arquivo de tradução
Copie todos os arquivos com extensões py e o arquivo .h gerado pelo intltool para uma mesma pasta. Se os arquivos estão codificados em ASCII, execute o seguinte comando:
xgettext -k_ -kN_ -o mensagens.pot *.py *.h
Caso os arquivos estejam codificados, por exemplo, em utf-8, o comando será:
xgettext --from-code=utf-8 -k_ -kN_ -o mensagens.pot *.py *.h
Caso tudo ocorra com sucesso, um arquivo de tradução chamado mensagens.pot será gerado.
Mais informações sobre o comando xgettext podem ser encontradas nas páginas de manual:
man xgettext
Criando arquivos de tradução
Para que seja possível criar traduções para outros idiomas é necessário criar os arquivos de internacionalização não compilados (PO) para cada idioma. Para criar o primeiro arquivo PO, com a língua nativa da aplicação (no nosso exemplo, português brasileiro), usaremos o comando msginit:
msginit -i mensagens.pot -l pt_BR
O arquivo pt_BR.po gerado será usado pela equipe de tradutores para gerar arquivos PO para outros idiomas. No entanto, para utilizá-lo no programa, iremos "compilá-lo" para um arquivo MO.
msgfmt pt_BR.po -o po/pt_BR/LC_MESSAGES/nomedomeuprograma.mo
A estrutura de diretórios deve existir para que seja possível gerar o arquivo de saída (.mo).
Você poderia salvar o arquivo mo em outra pasta, mas os últimos níveis de diretórios devem ser: <locale>/LC_MESSAGES/, onde, como visto anteriormente, <locale> é uma sigla que representa o idioma utilizado, como por exemplo pt_BR.
Finalizando
Após todos os processos descritos anteriormente, a aplicação deverá conter, além dos códigos em Python e do arquivo GladeXML, os arquivos de extensão mo, na pasta apropriada (vide variáveis APP e DIR). A estrutura recomendada para todos as arquivo é:
- /usr/bin/nome-do-programa.py
- /usr/share/locale/pt_BR/LC_MESSAGES/nome-do-programa.mo
- /usr/share/locale/en/LC_MESSAGES/nome-do-programa.mo
- ...(outros idiomas)...
- /usr/share/nome-do-programa/glade/interface.glade
- ...(outros itens associados a entradas de menu, ícones, documentação, etc.)...
É interessante guardar o PO gerado para que a equipe de tradutores possa gerar outros catálogos de mensagens baseados no original. Então, estes arquivos são compilados e os arquivos MO de saída são inseridos na aplicação. Há editores apropriados para a edição destes catálogos de mensagens, como o poEdit.