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Revisão 13e 2005-03-08 01:44:32

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RômuloCampelo

Alberto Rômulo Nunes Campelo

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Brasília-DF

Se alguém tiver paciência e quiser saber porque gosto de Python...

Iniciei a programar num mainframe IBM 1130, utilizando cartões perfurados e a linguagem FORTRAN. Gostava tanto que abri mão de passar as férias em Fortaleza e optei por ficar durante o inverno na Região Sudeste. Programava das 7h da manhã às 22h um jogo de xadrez. Usei conceitos da Teoria dos Jogos e de Inteligência Artificial e fui forçado a fazer verdadeiros malabarismos (como overlays) para rodar na minúscula, para os padrões atuais, memória de 8KB (é KB mesmo). A maioria das pessoas se diverte indo à praia, ao cinema, teatro, lendo um romance e coisas assim, diversão para mim era programar.

Segui, tendo como hobby aprender uma nova linguagem e desenvolver um programa de razoável complexidade (para a época) em cada uma delas. Assim fiz um PERT-CPM em COBOL. Neste período começaram a surgir os microcomputadores pessoais acessíveis aos pobres mortais, uma vez que o IBM-PC tinha um custo exorbitante para um usuário doméstico, e comprei um TK-82C, onde escrevi um compilador da linguagem FORTH em assembler do Z-80. Passava boa tarde do tempo, durante as aulas, codificando em mnemônicos, depois, de posse de uma tabela de códigos, convertia manualmente para os valores hexadecimais correspondentes e os digitava pacientemente naquele terrível teclado tipo bolha do TK, usando como monitor uma televisão, madrugada adentro, afinal era este o horário que os outros estavam dormindo e a TV estava liberada.

Depois pude comprar outros micros e passei pelo MSX e Apple II, antes de chegar ao tão almejado PC. Aprendi algumas outras linguagens, entre elas: C, Pascal, Logo, Lisp, Prolog, Modula 2 e Clipper, esta última na qual trabalhei profissionalmente. Algum tempo depois, comecei a lecionar Introdução à Lógica de Programação, e a Informática tinha ganhado o status de “profissão do futuro”. Diferente dos primórdios onde quem procurava se enfronhar nos meandros da programação gostava tanto que não se importava com a linguagem ou o ambiente, alguns alunos necessitavam de algo que tornasse menos íngreme a curva de aprendizado, que fosse mais próximo dos conceitos do raciocínio verbal do cotidiano, mais produtivo e de nível mais elevado, menos voltado para a máquina e menos redundante.

Pesquisei várias linguagens empregadas em produção e algumas de uso estritamente didático, como os sabores do PORTUGOL. Nesta oportunidade descobri o Python e achei a mais fantástica linguagem que já vi, tecnicamente o Esperanto da computação. A linguagem que todas as outras querem ser quando crescerem. A mais próxima do conceito de "bala de prata".

Concisa, amigável, produtiva, coerente com a forma de pensar do ser humano. Alguém já viu as características de um produto qualquer iniciarem e términarem circundadas por chaves ou algo como “Início das Características” e “Fim das Características”? não basta a indentação para saber onde começam e terminam? Se a boa técnica preconiza que cada instrução deve estar numa linha e mais de uma instrução por linha é exceção, não é suficiente mudar de linha para separar as instruções? (tudo bem, ela é case-sensitive, mas exigir que não fosse é satisfazer-se apenas com a perfeição).

Se PYTHON vai se tornar um grande sucesso, não sei. Infelizmente, o sucesso de várias tecnologias depende muito mais de marketing e do apoio dos grandes nomes da indústria ou do governo do que do valor intrínseco da tecnologia, mas, pelo menos na minha humilde opinião, acho muito difícil aceitar outra linguagem depois de conhecer Python. É algo como descartar repetidamente a maneira inteligente de fazer as coisas e subjugar-se aos modismos insensatos.

O Linux, um dia foi pequeno e desacreditado e está mostrando seu valor, por que não tentar com o Python? Uma linguagem realmente livre e conceitualmente superior às demais, salvo domínios de problemas muito específicos.